Só 8% dos brasileiros votariam em um ateu para presidente da República

Uma pesquisa feita em setembro revela que apenas 8% dos entrevistados votaria em um candidato assumidamente ateu para presidente. É um resultado esperado em um país cuja maioria de 98% é cristã. 

A crença em lendas e seres fantásticos ainda é muito forte em uma população que majoritariamente despreza a racionalidade. Com o golpe de 2016, até mesmo a elite se mostra avessa a racionalidade, exceto quando esta é útil para obter lucros.

O desejo de ver um presidente que seja cristão tem muito a ver com a ideia de que o universo é governado por um homem, que nunca aparece, mas controla com mãos de ferro o que acontece na natureza e no plano moral dos seres humanos.

Esta crença em uma liderança humana antropomórfica que governa o universo - é arraigado no senso comum que diz que somente seres humanos controlam as coisas - reforça muito o desejo de ter um cristão na presidência, numa analogia a relação que este tem que ter com governadores e prefeitos. Ou seja, o presidente do Brasil tem que obedecer à liderança do universo, conhecida como "Deus".

Para os cristãos, um ateu seria uma espécie de transgressor, uma pessoa que se recusa a obedecer a liderança universal, representando um rebelde no pior sentido da palavra., o que para os cristãos brasileiros pode significar um anarquista a bagunçar com as coisas no Brasil, chegando possivelmente a praticar atos considerados imorais, como a corrupção.

Apesar da religiosidade não garantir o bom caráter - cristãos são maioria entre os que roubam e matam - é um consenso acreditar que a fé cristã sirva de controle para o caráter humano, com base nas lendas bíblicas que evocam o altruísmo, estranhamente nunca praticado em sua plenitude pelos cristãos. Esse é outro motivo que justifica a preferência por um presidente da república que seja cristão.

A pesquisa foi caracterizada por 2771 entrevistas feitas em 194 municípios. Apesar do número relativamente pequeno de entrevistados, o resultado se afina com o ponto de vista consagrado no senso comum e difundido com insistência pelos meios de comunicação.